Agência FAPESP
Problema difícil de solucionar? Faltou criatividade? Melhor deixar para lá e ir dormir. Segundo um novo estudo, o sono estimula a criatividade e a solução de problemas. A pesquisa pode ter importantes implicações para entender como o sono, especificamente o sono REM, atua na formação de redes associativas no cérebro.
Sono REM (sigla em inglês para "movimento rápido dos olhos"), também conhecido como sono paradoxal, é a fase caracterizada pela presença de sonhos e maior atividade neuronal do que a fase não-REM.
O estudo feito por Sara Mednick, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, e colegas mostra que a fase REM estimula diretamente o processamento criativo mais do que qualquer outra fase do sono ou mesmo durante o período em que se está acordado.
O trabalho será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
"Verificamos que, para questões ligadas ao que a pessoa está trabalhando no momento, a passagem do tempo é suficiente para encontrar as soluções. Entretanto, para novos problemas, apenas o sono REM é capaz de aumentar a criatividade", disse Sara.
Segundo ela, aparentemente o sono REM ajuda a chegar a soluções por meio do estímulo de redes associativas, permitindo que o cérebro estabeleça ligações novas e úteis entre ideias não relacionadas. Outro ponto importante é que essa característica não seria por conta de melhorias na memória seletiva.
Para identificar se as melhoras eram devidas ao sono ou simplesmente à redução de interferências - uma vez que experiências durante o período acordado interferem na consolidação da memória -, os pesquisadores compararam períodos de sono com períodos de descanso controlado sem qualquer estímulo verbal.
Aos participantes do estudo foram apresentados múltiplos grupos de três palavras e eles tiveram que falar uma quarta palavra que poderia ser associada com as demais. Foram feitos testes nas manhãs e no fim do dia, com os voluntários divididos entre três grupos: o primeiro que dormiu à tarde e atingiu o sono REM, outro que dormiu, mas não atingiu essa fase e um terceiro que ficou em descanso sem dormir.
Segundo o estudo, o primeiro grupo apresentou um aproveitamento 40% melhor nos testes feitos após o período de sono, enquanto os demais não mostraram resultados diferenciados.
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