quarta-feira, maio 25, 2011

''Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: acolha-me.''


[Clarice Lispector]

terça-feira, maio 24, 2011

Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas."

[Marla de Queiroz]

segunda-feira, maio 23, 2011

Quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome.


[Clarice Lispector]
Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz."


[Clarice Lipector]
Mas tantas memórias. A gente tem tantas memórias. Eu fico pensando se o mais difícil no tempo que passa não será exatamente isso. O acúmulo de memórias, a montanha de lembranças que você vai juntando por dentro. De repente o presente, qualquer coisa presente. Uma rua, por exemplo. A rua não é mais a mesma, demoliram o edifício. As ruas vão mudando, os edifícios vão sendo destruídos. Mas continuam inteiros dentro de você. Chega um tempo, eu acho, que você vai olhar em volta sem conseguir reconhecer nada."

[Caio Fernando Abreu]
"O que eu adoro em ti não são teus olhos,

teus lindos olhos cheios de mistério,

por cujo brilho os homens deixariam

da terra inteira o mais soberbo império.

O que eu adoro em ti não são teus lábios,

onde perpétua juventude mora,

e encerram mais perfumes do que os vales

por entre as pompas festivais da aurora.

O que eu adoro em ti não é teu rosto

perante o qual o marmor descorara,

e ao contemplar a esplêndida harmonia

Fídias, o mestre, seu cinzel quebrara.

O que eu adoro em ti não é teu colo,

mais belo que o da esposa israelita,

torre de graças, encantado asilo,

aonde o gênio das paixões habita.

O que eu adoro em ti não são teus seios,

alvas pombinhas que dormindo gemem,

e do indiscreto vôo duma abelha

cheias de medo em seu abrigo tremem.

O que eu adoro em ti, ouve, é tu'alma,

pura como o sorrir de uma criança,

alheia ao mundo, alheia aos preconceitos,

rica de crenças, rica de esperança.

São as palavras de bondade infinda

que sabes murmurar aos que padecem,

os carinhos ingênuos de teus olhos

onde celestes gozos transparecem!...

Um não sei quê de grande, imaculado,

que faz-me estremecer quando tu falas,

e eleva-me o pensar além dos mundos

quando, abaixando as pálpebras, te calas.

E por isso em meus sonhos sempre vi-te

entre nuvens de incenso em aras santas,

e das turbas solícitas no meio

também contrito hei-te beijado as plantas.

E como és linda assim! Chamas divinas

cercam-te as faces plácidas e belas,

um longo manto pende-te dos ombros

salpicado de nítidas estrelas!

Na doida pira de um amor terrestre

pensei sagrar-te o coração demente...

Mas ao mirar-te deslumbrou-me o raio...

tinhas nos olhos o perdão somente!".

- Fagundes Varela -

Estranha saudade

 
Então, tu apareceste no meu caminho

a ti entreguei meu coração

te contei meus segredos

te dei meu corpo e meus carinhos...

Todo meu mistério desvendei

tudo que tinha guardado

tanto tempo na minha solidão,

te ofereci tudo, cada pedaço, cada emoção...

Agora faço parte do teu todo

sou fração do teu total

somando essa imensa ternura

juntando um carinho sem igual!

Os minutos em hora se transformaram

longe de ti, teus abraços, teu olhar,

as marcas que em mim ficaram

de nossos momentos sob a luz do luar...

É assim, uma estranha saudade,

um sabor de ti, que dentro ficou,

encravado em minha alma,

lembranças do que se passou...

Acordo, olho o céu, vejo o sol

tudo iluminado à minha volta

recordo nossos corpos no lençol,

nosso abraço apertado, o último olhar...

E tu, voltando, rolando estrada

e eu, parada, perdida, presa ao chão,

olhando de longe, tu sumindo e

entrando cada vez mais fundo no meu coração!


Janete Rodrigues Ribeiro
Amor é privilégio de maduros

estendidos na mais estreita cama,

que se torna a mais larga e mais relvosa,

roçando, em cada poro, o céu do corpo."

- Amor e Seu Tempo (livro: As Impurezas do Branco) de Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, maio 19, 2011

The Big Bang

Defesa da Alegria

Defender a alegria como uma trincheira

defendê-la do escândalo e da rotina

da miséria e dos miseráveis

das ausências transitórias

e das definitivas

defender a alegria por princípio

defendê-la do pasmo e dos pesadelos

assim dos neutrais e dos neutrões

das infâmias doces

e dos graves diagnósticos

defender a alegria como bandeira

defendê-la do raio e da melancolia

dos ingénuos e também dos canalhas

da retórica e das paragens cardíacas

das endemias e das academias

defender a alegria como um destino

defendê-la do fogo e dos bombeiros

dos suicidas e homicidas

do descanso e do cansaço

e da obrigação de estar alegre

defender a alegria como uma certeza

defendê-la do óxido e da ronha

da famigerada patina do tempo

do relento e do oportunismo

ou dos proxenetas do riso

defender a alegria como um direito

defendê-la de deus e do Inverno

das maiúsculas e da morte

dos apelidos e dos lamentos

do azar

e também da alegria


 Mario Benedetti, Lugares mal situados

quinta-feira, maio 12, 2011

I'm In Love


I'm in love, I'm in love, I'm in love, I'm in love, I'm in love, I'm in love, I wanna do it...
My body shows,
You're everything I neeed

quarta-feira, maio 11, 2011

Sonhando
(Florbela Espanca)

É noite pura e linda. Abro a minha janela

E olho suspirando o infinito céu,

Fico a sonhar de leve em muita coisa bela

Fico a pensar em ti e neste amor que é teu!

D’olhos fechados sonho. A noite é uma elegia

Cantando brandamente um sonho todo d’alma

E enquanto a lua branca o linho bom desfia

Eu sinto almas passar na noite linda e calma.

Lá vem a tua agora… Numa carreira louca

Tão perto que passou, tão perto à minha boca

Nessa carreira doida, estranha e caprichosa

Que a minh’alma cativa estremece, esvoaça

Para seguir a tua, como a folha de rosa

Segue a brisa que a beija… e a tua alma passa
"Mas se desejarmos fortemente o melhor e,

principalmente, lutarmos pelo melhor...

O melhor vai se instalar em nossa vida.

Porque sou do tamanho daquilo que vejo,

e não do tamanho da minha altura."

Carlos Drummond de Andrade

“Eu sou mansa mas minha função de viver é feroz”



Clarice Lispector

domingo, maio 08, 2011

On The Floor

sábado, maio 07, 2011

"dentro dos seus grandes olhos lagos

dentro dos seus grandes lábios logo

dentro do seu grande peito fogo

dentro de sua grande alma anjo

dentro de seu corpo gente

dentro de mim"
 
 (Dentro, Chico Cézar)









quarta-feira, maio 04, 2011

“E me dá uma saudade irracional de você. Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar livros, quem sabe só olhar estrelas… dizer que te considero - pode ser por mais um mês, por mais um ano, ou quem sabe por uma vida - e que hoje, só por hoje ou a partir de hoje (de ontem, de sempre e de nunca), é sincero.”


Caio Fernando Abreu

terça-feira, maio 03, 2011

Paixão

As Sem - Razões do Amor/Carlos Drummond de Andrade


Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

E nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

E com amor não se paga.

Amor é dado de graça

É semeado no vento,

Na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

E a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

Bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

Não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

E da morte vencedor,

Por mais que o matem (e matam)

A cada instante de amor.

Senhas / Adriana Calcanhotto

Eu não gosto do bom gosto

Eu não gosto de bom senso

Eu não gosto dos bons modos

Não gosto

Eu aguento até rigores

Eu não tenho pena dos traídos

Eu hospedo infratores e banidos

Eu respeito conveniências

Eu não ligo pra conchavos

Eu suporto aparências

Eu não gosto de maus tratos

Mas o que eu não gosto é do bom gosto

Eu não gosto de bom senso

Eu não gosto dos bons modos

Não gosto

Eu aguento até os modernos

E seus segundos cadernos

Eu aguento até os caretas

E suas verdades perfeitas

O que eu não gosto é do bom gosto

Eu não gosto de bom senso

Eu não gosto dos bons modos

Não gosto

Eu aguento até os estetas

Eu não julgo competência

Eu não ligo pra etiqueta

Eu aplaudo rebeldias

Eu respeito tiranias

E compreendo piedades

Eu não condeno mentiras

Eu não condeno vaidades

O que eu não gosto é do bom gosto

Eu não gosto de bom senso

Não, não gosto dos bons modos

Não gosto

Eu gosto dos que têm fome

Dos que morrem de vontade

Dos que secam de desejo

Dos que ardem

Eu gosto dos que têm fome

E morrem de vontade

Dos que secam de desejo

Dos que ardem