sexta-feira, junho 26, 2009

Escassez de alimentos e ameaças à civilização


O maior risco à estabilidade global é o potencial da crise alimentar de provocar a derrocada de governos em países pobres. Essa crise está sendo gerada pelo constante agravamento da degradação ambiental
por Lester R. Brown

Uma das tarefas mais difíceis de fazer é antecipar mudanças repentinas. Geralmente projetamos o futuro extrapolando tendências do passado. Na maioria das vezes, esse enfoque funciona. Mas, às vezes, falha espetacularmente e as pessoas são simplesmente surpreendidas por eventos como a atual crise econômica.

Para muitos de nós, a idéia de que a civilização pode desintegrar-se provavelmente parece absurda. Quem não acharia difícil pensar seriamente sobre abandonar completamente aquilo que esperamos da vida comum? Que evidência poderia nos fazer prestar atenção a um alerta tão terrível – e como nos comportaríamos para responder a ele? Estamos tão habituados a uma longa lista de catástrofes improváveis que acabamos virtualmente programados a rejeitá-las num piscar de olhos: claro, nossa civilização pode ser dissolvida num caos – e a Terra também pode colidir com um asteróide!

Durante muitos anos, tenho estudado tendências agrícolas, populacionais, ambientais, econômicas e suas interações. Os efeitos combinados dessas tendências e as tensões políticas que elas geram apontam para o colapso de governos e sociedades. Eu mesmo vinha resistindo à idéia de que a escassez de alimentos poderia levar à derrocada não apenas de governos, isoladamente, mas também de nossa civilização global.

Não tenho mais como ignorar esse risco. Nosso reiterado fracasso em lidar com os declínios ambientais que minam a economia alimentar mundial – e, mais importante, reduzem os níveis dos lençóis freáticos, erodindo solos e elevando temperaturas – me obriga a concluir que esse colapso é possível.

Fonte:Scientific American Brasil
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