quarta-feira, dezembro 01, 2010

Como se o teu amor tivesse outro nome no teu nome,

chamo por ti; e o som do que digo é o amor

que ao teu corpo substitui a doçura de um pronome

- tu, a sílaba única de uma eclosão de flor.

Diz-me, então, por que vens ter comigo

no puro despertar da minha solidão?

E que mumúrio lento de uma cantiga de amigo

nos repete o amor numa insistência de refrão?

É como se nada tivesse para te dizer

quando tu és tudo o que me habita os lábios:

linguagem breve de gestos sábios

que os teus olhos me dão para beber.

Nuno Júdice Û