estamos quase no tempo do vinho maduro
soube-o pelo aroma que se desprende do teu sexo
intenso mel transportado pelas fulvas abelhas
oferenda de verão árduo... cal secreta
onde garajutámos corações a canivete noite dentro
embriago-me com vinho macio...sentado na desolação
duma esplanada mal iluminada debaixo dos pinheiros
o orvalho humedece o caderno em cima da mesa o lápis
a caneta um refrigerante intragável ... tua ausência
pressentida na fresca seda dos caracóis
e mais além além, um valado de soturnas açucenas
uma árvore seca pássaros e canaviais...caminho
por onde nunca me aventurei
Al Berto
LIVRO SEXTO - in Doze Moradas de Silêncio», 1978/79
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