terça-feira, agosto 17, 2010

Carta de Henry Miller a Anaïs Nin – Ago. 1932


Anaïs


Quando voltares vou dar-te um banquete literário de sexo - ou seja, foder e conversar e conversar e foder. Anaïs, eu vou abrir as tuas entranhas. Deus me perdoe se esta carta alguma vez for aberta por engano. Não consigo evitá-lo. Quero-te. Tu és comida e bebida para mim, és todo o raio da máquina da vida, deitar-me em cima de ti é uma coisa, mas aproximar-me de ti é outra coisa. Sinto-me unido a ti, um só contigo, pertences-me quer isso seja sabido ou não.Cada dia que espero agora é tortura. Estou a contá-los lentamente, dolorosamente. Mas vem o mais depressa q possas. Preciso de ti. Meu Deus, quero ver-te em louveciennes, ver-te naquela luz dourada da janela, com o teu vestido verde de Nilo e o teu rosto pálido, uma palidez gelada como na noite do recital. Amo-te como tu és. Amo as tuas ancas, a tua palidez dourada, a curva das tuas nádegas, o calor dentro de ti, o sumo que sai de ti. Anaïs, amo-te tanto, tanto! Estou a ficar sem palavras... Posso sentir a tua boca macia fechando-se sobre mim, a tua perna apertando-me com força, voltar a ver-te Haqui na cozinha levantando o vestido e sentando-te em cima de mim e a cadeira a andar pelo chão da cozinha, fazendo tamp, tamp.


Henry


Anais Nin - in Henry & June