Pouso no silêncio como um alvo em busca do predador, os
ouvidos reversos já calados, a noite mal fechada por onde
entram os poetas intrusos, bichos com luz própria, dando à
voz que deixei de mostrar uma ausência, acentuada, uma
caixa da boca na forma de caixão, poetas de medos chanta-
geando o livro, dando-le páginas sem a minha permissão.
Assim me quedo por instantes, ocupando-me só com refle-
xos agudos do lua no rio.
(Valter Hugo Mãe)